Numa certa conta havia
um zero dado à poesia
que tinha um sonho secreto:
fugir para o alfabeto.
Sonhava
tornar-se um O
nem que fosse um dia só,
ou ainda menos: só
o tempo de dizer: «Oh!»
nem que fosse um dia só,
ou ainda menos: só
o tempo de dizer: «Oh!»
(Nos livros
e nas selectas
o que mais o comovia
eram os «Ohs!» que os poetas
metiam nas poesias!)
o que mais o comovia
eram os «Ohs!» que os poetas
metiam nas poesias!)
Um «Oh!»
lírico & profundo,
um só «Oh!» lhe bastaria
para ele dizer ao mundo
o que na alma lhe ia!
um só «Oh!» lhe bastaria
para ele dizer ao mundo
o que na alma lhe ia!
Manuel António Pina
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