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CONTO 4 – Memória de um amor de infância
Este parecia ser um bom sítio para brincar.
Um lugar onde antes conhecia cada canto, cada árvore, cada pedra no chão, cada flor no jardim. Lago lindo. Cascata azul como o céu. Um lugar onde eu adorava estar. Agora, até já os pássaros vêm perto de mim pousar.
Quando recordo, vejo-me e olhar ao longe...e vejo o meu melhor amigo. Rui tem cinco anos como eu. É baixo, tem cabelo castanho e macio como o pêlo de um gato. Os seus olhos castanhos brilham como estrelas. Ao lado dele, está Simão. O irmão mais velho do Rui. Simão tem sete anos, cabelo loiro aos caracóis. Os seus olhos verdes lembram-me a natureza. Ele é alto e inteligente. Ouço alguém a chamar-me. É o Rui, preocupado:
- Laurinha, estás bem? - e eu respondo:
- Sim, estou bem. - o Rui diz logo:
- Que susto! Estavas aí parada e não falavas. - então, respondo-lhe a balbuciar:
- Desculpa, estava só a pensar em como te ia dizer. - ele não me deixa acabar e continua:
- O que tens para me dizer? - eu respondo:
- Vou mudar-me e não sei se nos voltaremos a ver.
Logo, logo, vejo lágrimas a cair pelas caras do Rui e do Simão. Ao vê-los chorar por minha causa, abraço-os e despeço-me.
Vou embora, da Trofa para Braga…
Recordo a minha chegada à cidade... Ao longe, vejo a minha nova casa. O carro segue por um lindo jardim verde com duas árvores tão altas que parecem um gigante a esvoaçar e, por trás dele, uns arbustos que parecem pontinhos verdes. À direita, uma casa grande e bonita. Eu não poderia acreditar que era para onde eu iria morar. Por cima, havia duas estátuas em forma de pássaros que eram raros de se ver. No lindo jardim, havia roseiras belíssimas e girassóis amarelos como ouro.
Entretanto, já se passaram nove anos depois de ter deixado a Trofa.
Neste regresso, sinto-me ansiosa por ver o Rui de novo. O Simão nem tanto. Mas antes de os ver, tenho de ir para a escola. Ao chegar, vi logo dois rapazes bonitos. Se eu não fosse envergonhada, eu iria falar com eles.
Fiz uma amiga, a Soraia. Ela tem a mesma idade que eu, 14 anos. Eu virei-me para ela e perguntei:
- Conheces aqueles dois rapazes bonitos, o baixo e o alto? - ela respondeu prontamente:
- Sim, conheço. O alto é o Dinis e o baixo é o Rui.
Quando ouvi o nome “Rui”, saí logo a correr para ele e gritei:
- Ruizinho!!! - ele olhou-me, surpreendido e perguntou:
- Lauri, és tu? - de sorriso aberto, eu respondi:
- Sim! - e demos um abraço sem fim.
FIM
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