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CONTO 2 – A salvação
Esta parecia uma boa altura para nascer. Uma pessoa que, dantes, não queria o nascimento, mas encontrou a razão para sorrir. Uma altura que, dantes, era solitária, vazia, não havia a alegria de ter a quem perguntar se queria brincar. Mas, agora, uma altura em que há felicidade, fantasia, risos, partilha e sempre alguém com quem falar.
Joana, menina inteligente, simpática e doce como chocolate ia para casa com os pais. Ao longo do caminho, árvores do tamanho do céu, de troncos castanhos, de um castanho desbotado, percorriam o grande jardim. A relva era verde e brilhante. As flores cresciam, mas continuavam pequenas, brancas e radiantes como luz. As folhas amarelas eram areias do deserto. Joana achava agradável. A sua casa era grande e larga, tinha tantas janelas como a centopeia tem cem pernas. Era alaranjada e o telhado vermelho seco. No centro, havia uma porta feita de madeira, com mini janelinhas.
Joana parecia estar bem, mas apenas se sentia triste e sozinha. Um boneco na mão. Abanando-o dum lado para o outro. Sem ter com quem brincar.
“Por que não estou feliz?”, pensava.
Uma sala cheia de brinquedos, só para um. Um vazio. Precisava de o preencher. Em que pensava? Numa boneca nova, que falasse? Não. Pensava ela numa pessoa com quem pudesse falar, brincar e adorar. Nesse dia, descobriu o que iria preencher o vazio. Um irmão. Então, todos os Natais, Joana pedia um irmão como dádiva do Pai Natal.
Até que um dia, finalmente, conseguiu! Meses depois do Natal, Joana descobriu que iria ser irmã e transbordou de alegria. Quando o irmão nasceu, decidiu chamar-lhe Salvador. A razão, ela também não sabia, mas descobri-la-ia mais à frente. E, quando chegou o Natal, agradeceu.
Joana e Salvador eram muito próximos. Faziam quase tudo juntos, mas, com o passar dos anos, a adolescente começara a afastar-se do irmão, pois gostava mais de estar com os seus amigos. Salvador, um menino inteligente, fofo e simpático ficou abalado com a situação.
Alguns dias depois, Joana chegou a casa muito triste, pois tinha tirado uma má nota na escola. Então, Salvador, para a animar, falou com ela e confortou-a. E foi aà que, depois de tanto tempo, Joana descobriu a razão do nome. Salvador, pois tudo o que ela queria fazer, o irmão fazia com ela, mas os amigos nem sempre. Quando queria brincar, era com o irmão. Quando estava triste, era o irmão que a confortava. Era como se ele fosse a sua “salvação”.
Agora, sempre que alguém lhe pergunta qual a sua memória mais feliz, ela responde simplesmente: “Foi descobrir que iria ser irmã. Esta foi e é a coisa mais valiosa da minha vida”.
FIM
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